Discutir Ciência num barzinho? Conheça o "Pint of Science"

Olá amigos!! 
Vamos falar de um evento relativamente 'novo' e muito importante de Divulgação Científica que teve início em 2013, e a partir daí tem se espalhado para vários países do mundo. Aqui contarei minha experiência nos três dias desse evento maravilhoso na capital de SP, em três postagens para dar mais enfoque nas palestras. Conheça a figura mais conhecida do evento logo abaixo:

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Logo e mascote do evento no Brasil.
Fonte: Pint of Science BR

→ Que evento é esse?

Vamos começar com uma visão geral, primeiramente pelo seu nome. "Pint" é uma palavra que em inglês se refere ao copo comum para beber cerveja, então ao pé da letra seria traduzido como 'Copo da Ciência', mas para mim em específico, acho que o intuito da ideia seria 'Um brinde a Ciência'.

Cheers to science (um brinde a Ciência).
Fonte: Giphy

Parece que o evento teve início no Reino Unido, inicialmente não com a mesma ideia, mas com o mesmo propósito de apresentar a Ciência de maneira divertida e fascinante. Em 2012, dois pesquisadores da Universidade Imperial College London, chamados Michael Motskin e Praveen Paul organizaram um evento para que pessoas com Alzheimer, Parkinson, doenças neuromusculares e esclerose múltipla fossem aos seus laboratórios para conhecerem como eram realizadas as pesquisas. 

A ideia deu tão certo que motivou os dois, no ano seguinte (2013), a sair das Universidades ou Institutos de Pesquisa para conversar com as pessoas sobre Ciências em locais como bares ou restaurantes. Ocorrendo 15 eventos em 3 cidades do Reino Unido. E com o passar do tempo, muitos outros países foram aderindo a essa ideia, e atualmente já são 24 países, entre eles: Reino Unido, França, Espanha, Itália, Austrália, Brasil, Canadá, Alemanha, Irlanda, Tailândia e o Japão.

Pint of Science chapters around the world will be hosting events on Monday, Tuesday and Wednesday, May 23 to 25. (Source: Pint of Science in <em><a target="_blank" href="http://www.cell.com/trends/immunology/abstract/S1471-4906(16)00028-4">Trends in Immunology</a></em>, 2016)
Ano de estabelecimento do Pint of Science em diferentes países. Fonte: Elsevier


→ Como acontece no Brasil?

No Brasil o evento começou em 2015, trazido pela jornalista Denise Casatti, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC-USP), que ocorreu inicialmente em São Carlos, interior de São Paulo.
Esse pioneirismo despertou interesse em pesquisadores e pessoas que quiseram espalhar essa ideia para outras cidades brasileiras e hoje, em 2019, ficamos em primeiro lugar com 85 cidades recebendo o festival e em segundo está a Espanha, com 72. Impressionante, não é mesmo?
O evento acontece nas cidades de: Belo Horizonte (MG), Blumenau (SC), Brasília (DF), Curitiba (PR), Dourados (MS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Teresina (PI). Além de ter se espalhado para 10 cidades do estado de São Paulo: Araraquara, Botucatu, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santos, São Caetano do Sul, São Paulo e Sorocaba.

Imagem relacionada
Em 2018, São Caetano recebeu o
evento Pint of Science. Fonte: SÃOCAETANO.INFO

Aqui no Brasil pelo menos o evento é gratuito, ou seja, a entrada nos bares é gratuita, você só paga o que quiser consumir no local, já no Reino Unido alguns lugares a entrada é paga. Isso ocorre, pois o evento é feito de um lado por colaboradores e pesquisadores voluntários e de outro lado pelos bares ou restaurantes que cedem seus espaços de forma gratuita.

→ Como foi a minha experiência

Apenas nesse ano de 2019 que consegui participar desse evento, pelo fato de eu estudar no período noturno e o evento acontecer entre 19:00/19:30h sempre no finalzinho de maio. Era duro saber que ele já existia desde 2016 em São Paulo - capital e eu não poder ir. Nesse ano estava mais tranquila, e não queria perder essa brecha (finalmente deu certo!).
Todas as experiências que contarei aqui são relacionadas às atividades que acontecem exclusivamente na capital de SP, pois não sei se nas outras cidades de São Paulo e nos outros estados acontecem da mesma maneira.

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    Fonte: Inatel
  • Como se inscrever?
Vejam só, vocês só precisam escolher qual palestra mais os interessa, pois não tem nenhum formulário de inscrição ou qualquer tipo de reserva, por isso recomenda-se que vocês cheguem com antecedência no local para garantir o seu lugar. Como foi dito anteriormente a entrada é gratuita, então é só ir chegando. Aconselho que vocês façam uma tabela ou anotações das palestras que querem ir na segunda, terça e quarta feira para se organizarem certinho e não perderem nada!

  • Quais palestras escolhi, em quais bares e como chegar lá? 
As palestras que participei estão logo abaixo e a cada semana vou liberar um assunto, explicando certinho cada momento do evento.

1- Fatores ambientais e hereditários das mutações que levam ao Câncer;
2- Neutrôns que não sabem nadar e insetos comestíveis;
3- Realidade virtual na Educação e na Preservação Ambiental.

Segunda feira 
1- Fatores ambientais e hereditários das mutações que levam ao Câncer, no Bar Galeria 540.

- Por que a escolha?

Oncologia é uma área que tenho interesse de me especializar, que amo de paixão, e que no currículo de Biologia vemos muito superficialmente nas matérias de Genética e Biologia Molecular. Sou louca por essa área e quando tem alguma palestra não posso perder.

- Como Chegar lá? Como era o Bar?

Foi tranquilo para chegar no local, desci na estação Fradique Coutinho e andei dois ou três quarteirões, quase passei direto sem notar o bar, porque a entrada não era tão larga quanto imaginei. Achei o local bem despojado, com um conceito urbano interessante: nas paredes haviam quadros com vários nus artísticos em preto e branco, com diferentes corpos masculinos e femininos, brancos e negros. As cadeiras que tinham lá eram cadeiras de praias, que deram um toque descontraído e praiano. 
O evento aconteceu na área aberta central que tinham várias cadeiras de praia e em cada um delas tinha uma revista FAPESP (eu peguei uma de Set/2018 sobre Agrotóxicos). Achei o preço dos lanches um pouquinho caro, então fiquei na minha água mesmo.

- Resumo do Evento

No evento participaram duas médicas e uma jornalista. A médica Maria Paula Curado se especializou em Câncer de cabeça e pescoço, e após perceber que a maioria dos seus pacientes chegavam em seu consultório com câncer já muito avançado e com baixas chances de cura, resolveu então se especializar na área de epidemiologia e tentar prevenir esses tipos de cânceres. Ela ressaltou que a principal causa de câncer ainda, por incrível que pareça, está relacionada com o cigarro e que mesmo todo mundo sabendo sobre os males que esse pode causar, esse cenário não muda, porém deu uma boa notícia: mais pessoas com câncer estão sendo curadas, do que o aparecimento de novos casos.
Já a médica Maria Nivana Formiga tratou de falar sobre a redução de risco e suporte para pacientes com câncer hereditário, ela disse que atualmente o rastreamento de genes não é mais tão caro como antes e que é a melhor forma para se ter um diagnóstico precoce. Ressaltou que a psicologia oncótica é a melhor forma de dar suporte ao paciente que vai enfrentar essa doença do início ao fim da sua vida. Os testes genéticos, ela disse que estão ficando acessíveis, dando o exemplo de que nos EUA é possível comprar alguns testes em farmácias e realizar em casa, porém são limitados, não muito confiáveis, ou seja, dão diagnósticos suspeitos.


A jornalista científica Cristiane Segatto disse como é difícil tratar a linguagem técnica científica de maneira simples para qualquer público, mas que atualmente com a multiplicidade dos meios de comunicação, isso se tornou de fácil acesso e que atualmente muitas pessoas fazem um ótimo trabalho pelo Youtube e redes sociais. Por conta dessa rápida e fácil divulgação de notícias,  todo mundo quer ser o primeiro a anunciar, por exemplo, uma descoberta científica, e é por isso que acontecem muitas falhas na área jornalística. Ela disse por experiência própria que muitas vezes já entrou em contato com pesquisadores para entender melhor a pesquisa científica, e assim tirar suas dúvidas para poder escrever com mais propriedade, e particularmente acho isso muito importante para que não passe adiante conceitos errados, ou mal explicados, desse modo todo mundo se entende melhor. Por último, disse que assuntos 'batidos' que ainda são de grande destaque, como o câncer de pulmão, devem ser repensados para serem escritos de um jeito 'novo', usando táticas variadas, para que de alguma forma consiga ainda sensibilizar o público.

+ info: https://pintofscience.com.br/event/fatores%20ambientais%20e%20cancer

Para a postagem não ficar muito grande e maçante vou deixar os outros dois dias de evento e as considerações finais para os próximos posts! Não percam! Be alert 👊

→ Bibliografia

O que Pint of Science? - Galoá Journal
Como nasceu Pint of Science? - Pint of Science BR
Pint of Science Brasil - 20, 21, 22 de maio de 2019 - Caminhos da Mata
Pint of Science: Um festival de divulgação científica sem fronteiras - UNIFESP

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